Café da manhã para a Rainha

Tradução da Design Note – 03/04/15

Crianços do céu, tudo bem? Eu fiquei esperando uma DN pra traduzir a semana inteira, e quando ela vem, é graaaande pra caramba, mas sinceramente, o que eu não faço por vocês? Gosta de ler? por que a história é longa mas é muito legal, falando da relação da história de EmberSea com a Rainha dos Monstros. Confira:

Do Diário da… Eu – Não me lembro. Dia 74. Calabouço.

Pai

As memórias não param. Isso, eu acho, é a maior tortura. Até agora, no pico do meu desespero, eu ainda lembro claramente. Ao ar livre. Liberdade. É o que ela usa para acabar com você. Lembrar da felicidade é a tortura mais estranha quando você sabe que não haverá mais momentos assim.

Eu tinha um nome. Não me lembro, mas sei que ele estava lá. Ela assumiu isso primeiro, logo apôs de estabelecer o começo. Um nome. Pareceu uma pequena consequência quando eu estava na luz. Mas eu não sou nada sem ele agora, nem um homem, nem um individuo. Eu era apenas alguma coisa. Chamado de “isso”, fadado a herdar e gerar um nada.

Se tem alguma justiça no mundo, algum conceito benéfico de direito que prevaleça sobre todos, eu teria perdido minha mente há muito tempo. O peso da sanidade é demais para suportar, especialmente quando sei o quanto ela tem torcido meu corpo. Eu não sei quanto tempo eu estou aqui. O próprio tempo perdeu significado para mim, mas eu suportei, sendo moldado para fazer o que a Rainha deseja. A mudança foi gradual, mas dolorosa. É como se meu corpo sempre foi assim, mas eu sei que não é verdade. Quando eu sonho, meu corpo é forte, e meu membros se estendem para a eternidade. Não como a forma retorcida que enfrento ao acordar.

Eu não sonho mais. Eu estou com fome. Eu tive uma filha. Como era o nome dela? Ela tem um? Tem?

Estou com fome. Para onde foi minha Rainha?  Tem sido assim por muito tempo desde minha última refeição.

Jennisa

Minha mãe me disse que, sempre que eu estivesse perdida, eu deveria procurar por pessoas que me ajudasse. Ela disse que eles são boas pessoas que são re… res-pon-sá-veis com quem está em apuros. Mas eu não consegui achá-los quando precisava, Estou perdida. Realmente perdida.
Há alguém que finge ser um ajudante. Ela me trouxe coisas boas, mas ela não é uma boa pessoa. Ela me chame de bonita, mas sua voz me faz sentir estranha, como se algo rastejasse em baixo da minha pele. Ela é esquisita. Ela não me diz que eu sou, ou quem são meus pais. Ela não me diz como cheguei aqui. Ela nem ao menos quer que eu use meu nome. Risquei meu nome nas paredes da sala de pedra que ela me colocou. Esse é meu nome. Ninguém pode me dizer o que fazer com ele.

Essa Mulher Assustadora veio até minha sala de pedra hoje. Ela me chamou de bonita, e perguntou se eu me lembrava de onde vim. Eu disse a ela, e ela ficou louca. Ficou ainda pior quando ela perguntou meu nome. Em seguida ela me levou a um lugar escuro. Ela me disse para lembrar da minha sala de pedra como se fosse um palácio antes de sair de lá. Disse que iria me bater. Mas ela não fez isso, porque eu não sou um brinquedo, e que eu não poderia ser jogada e quebrada como um. Ela estava errada.

Ela veio para o local escuro com uma tocha. Me chamou de bonita. Como se isso fosse o meu nome. Ela diz que quer memória boas na minha mente, mas quando ela vai embora, memórias ruins voltam de maneira estrondosa. Mas e se isso é errado? O que pode combater o mal, qualquer mal, com o bom que você se lembra? Você consegue beber as coisas boas igual como se bebe água? Eu espero que você possa, deste modo as coisas boas ficam no seu estômago quando ela o levar embora de novo. Mas eu não vou ceder. Meu nome não é Bonita.

Depois de um longo tempo, a Mulher Assustadora retorna com uma tocha. Mas eu me lembro desta luz. Tudo que eu tenho de fazer é fechar meu olhos. Ela desce até esse local escuro e pergunta se quero ver meus pais. Por que? Por que eu disse sim? Eu sei que isso é um truque, mas eu estava tão sozinha, eu quis vê-los mal. Por que, por que, por que, por que, por que? Quando eu falei “Sim”, eu vi o sorriso dela pela primeira vez. Parecia que eu podia ver o mundo sendo destruído no sorriso dela, tudo, o bem, nomes, felicidades, tudo caindo aos pedaços no espaço de seu largo sorriso. Senti um vento frio na minha cara, e não consegui mais ver o rosto da Mulher Assustadora. Eu ainda estava no lugar escuro, mas não estava no meu canto do lugar escuro. Estava em outro lugar, fora da cela. A Mulher Assustadora apareceu do meu lado.

“Bonita criança, está com medo?” A voz da Mulher Assustadora parecia algo afiado.

“Não quer ver seus pais?”

Eu fiz. Mais do que qualquer coisa. Concordei com a cabeça rapidamente.

“Ouça. Você pode ouvi-los?”

Eu ouvi. Eu pude ouvir algo molhado. Isso soou como algo que minha mãe havia me falado, soou como se eu estivesse mastigando comida com a boca aberta. Mastigar. Abrir. Fechar. Engolir. De repente eu tive vontade de ver o que estava na cela.

“Venha, coisa. Venha para perto das barras”

O som parou. Eu podia ouvir alguém esgueirando-se pelo chão.

“Rápido criatura. Você não está com fome?”

Aos poucos ficava visível. O corpo era irregular e deformado, como argila, esculpida de maneira errada e esquecida no sol. Tinha dedos parecidos com agulhas, e a pele como couro velho. Seja lá o que estava comendo, deixava sua frente toda vermelha, como ferrugem. Mas eu soube quem era quando vi seus olhos. Azuis, como o céu na água. Como algo importante que eu havia perdido.

“P-Papai?”

As barras desapareceram. A Mulher Assustadora me empurrou para frente. Ela virou para essa coisa, que era meu pai.

“Coma”

A respiração de meu pai era irregular e falhada. Seu hálito parecia algo podre, e ele chegou mais perto de mim. Ele abriu sua boca.

“J-Jenni…”

Meu nome. Esse era meu nome.

“O que você esta fazendo?” Eu disse.

Meu pai se estremeceu por um momento e começou a chorar. Depois ele pulou, mas não em mim. A Mulher Assustadora o atacou, e ele parou no ar. Ele estava pendurado ali, como se estivesse pendurado por cordas. Ele passou seus dedos em forma de agulha a sua frente.

“Você tem que sair daqui agora! Corra, Jennisa! Jenni POR FAVOR, VOCÊ TEM QUE ESCAPAR-“

Sua voz parou repentinamente, sem nenhum sinal de ação. Seu corpo caiu no chão como se fosse uma boneca. Ela me disse, tentando ficar calma, mas sua voz era grossa e com tom de ódio.

“Para onde vai correr, Bonita criança?”

Sua voz não chegava nem perto de ser de um humano. Eu tinha que me manter em movimento.

“Você acha mesmo que consegue atravessar o escuro?”

Eu senti a escuridão me abraçar, tentando me embrulhar. Ele iria me absorver desta vez. Nunca me deixe ir. Mas eu tenho o bem (a luz). Isso era uma coisa que ela não pensou que ocorreria. Eu fechei meus olhos e deixei as memórias boas preencherem meu corpo.

“Como? Como você está fazendo isso?”

Eu deixei a escuridão vir. Quando ela (escuridão) me engoliu, a agarrei e rasguei em pedaços. Ela (escuridão) se afastou de mim. A luz que de mim saia era tão agressiva que eu não consegui mais ver nada. Brilhante e mais brilhante…

“Eu vou DESTRUIR você.”

“Meu nome é Jenni. E eu nunca vou ceder.”

A luz cegava. Eu senti a noite cair, junto a Mulher Assustadora. A luz era tão branca. Mas algo estava errado. Eu tinha ido do frio congelante do lugar escuro até um calor sufocante. A luz foi de branca para vermelho. Eu abri meus olhos. Eu estava em casa, tinha voltado a EmberSea. Mas não deveria ser assim. Cai de joelhos.

EmberSea estava em chamas.

Estou perdida.

Estou em casa, mas ainda estou perdida.Eu não sei para onde ir.

Eu ouviu um bater de cascos na areia atrás de mim. Me virei, pensando que a Mulher Assustadora havia me seguido. Mas não era ela. Este homem tinha bondade nos olhos, e uma cara de preocupação.

“Onde estão seus pais? O que você está fazendo no meio disto?” ~talvez alguma guerra em EmberSea~

Eu balancei minha cabeça. Era muita coisa para dizer, muito mesmo. O homem suspirou.

“Bom, você pode pelo menos me dizer seu nome?”

“É Luci miiintiiira. E o seu?” 

“Eu sou Kyron. É bom ver você Luci, mas nós realmente precisamos sair daqui.”

Kyron apontou para suas costas.

“Quer uma carona?”

Lembrei de algo que havia me acontecido há muito tempo. Memória é tudo o que tenho. Memória de um tempo bom, e a esperança de um futuro melhor.

“Você é um ‘ajudante’ Kyron?”

“Eu gostaria de pensar que sim.”

Ele sorri. Não parece que ele sorri para todos. Sorrio de volta.

“Tudo bem então. Vamos nessa.”

Quando Kyron e eu chegamos em Pyrewatch, eu não queria fazer nada a não ser dormir. Eu esperava não sonhar, mas acabei sonhando.

Eu sonhei com uma luz no lugar escuro. Sonhei que sua memória estava dentro do meu coração, pulsando no mesmo ritmo. Em seguida, outra batida se intrometeu. Eu vi a mesma luz, estalando no escuro. Iluminando aos poucos o local. Era a sala do trono. A luz voava para o núcleo do poder. E lá estava Ela. Sorrindo. Ela acariciou a luz de forma delicada, tão delicada, antes de colocá-la em seu peito. Senti meu coração bater junto ao dela. Acordei gritando.

Quero ver alguém que tenha lido até o final, e achado algum erro no meio do texto Mwahahahaha. Espero que tenham gostado, qualquer dúvida, sugestão ou crítica deixe nos comentários! Estou esperando os “Nem li e Nem Lerei” HU3.

Até mais ^^